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MODELO DE UNIVERSIDADE CORPORATIVA EM REDE: Um estágio de cocriação e coprodução no ecossistema de educação corporativa.

Por: Patrícia de Sá Freire

Pela perspectiva do novo Modelo Universidade Corporativa em Rede, percebe-se a evolução da área de Treinamento de Desenvolvimento (T&D) em seis grandes estágios: desde o departamento de treinamento, passando pela educação à distância e corporativa, até alcançar os estágios de universidade corporativa, stakeholder university e, por último a universidade corporativa em rede. Em destaque, como escalas para a governança da área, o Modelo Universidade Corporativa em Rede (Modelo UCR) propõe sete elementos considerados diretrizes para a sua evolução (Figura 1). São eles: alcance, interconexão, capital, tecnologia, foco, nível e gestão do conhecimento. Quando estas diretrizes são governadas, a área de T&D promove a aprendizagem em rede, não somente do Saber Fazer e do Saber Agir, mas alcança o Saber Ser do ecossistema organizacional.

Figura 1: Evolução do Sistema de Educação Corporativa

Fonte: elaborado com base em Freire et al. (2016a)

Fonte: elaborado com base em Freire et al. (2016a)

Infelizmente as organizações brasileiras, em grande parte, ainda se encontram no estágio de Departamento de Treinamento com foco no treinamento do público interno para a tarefa. Percebe-se o movimento de avanço para o segundo estágio dando início a implantação da educação a distância para treinar os funcionários que estão espalhados geograficamente. São poucas que, institucionalmente, assumem o estágio de Educação Corporativa dando atenção ao alinhamento de suas ações educativas à estratégia organizacional prevendo capacitações para o desenvolvimento de competências institucionais. Inclusive, são poucas as organizações (tanto as públicas, quanto as privadas) que já têm a Gestão por Competência implantada.

É ainda menor a quantidade de organizações no próximo estágio, chamado de Universidade Corporativa. Este estágio é alcançado quando a organização passa a estender o alcance de suas ações educativas a capacitação de fornecedores e clientes para o aumento de seus resultados estratégicos, compreendendo que somente o treinamento dos funcionários para a melhoria nas tarefas não assegurará a perenidade da organização.


Desde a origem do termo Universidade Corporativa (UC), definido por Meister (1999), seu conceito foi compreendido como “um guarda-chuva estratégico para o desenvolvimento e a educação de funcionários, clientes e fornecedores, buscando otimizar as estratégias organizacionais, além de um laboratório de aprendizagem (p.8)”. Para a autora, “o diferencial decisivo de competitividade reside no nível de capacitação (...) de seus funcionários, fornecedores principais, clientes, e até mesmo membros das comunidades onde atuam” (p.15).


Assim sendo, avançando sobre este estágio, os modelos Stakeholder University (Margherita e Secundo, 2011) e Universidade Corporativa em Rede (Freire et al., 2016) estão diretamente relacionados às organizações que vivenciam mercados hipercompetitivos e reconhecem que não poderão alcançar seus objetivos estratégicos sem desenvolverem o capital social e relacional muito além de seus funcionários, fornecedores diretos e clientes atuais. Nos estágios de Stakeholder University e Universidade Corporativa em Rede a busca é pela construção da cultura do Saber Ser, ou seja, o desenvolvimento de características individuais, de grupos e organizacionais de maneira a contribuir para o capital social e relacional além do humano, qualificando as interações humanas no trabalho e na rede de aprendizagem. Nestes estágios se busca a participação em redes de aprendizagem para promover a aprendizagem em rede.


O Modelo UCR, o mais contemporâneo proposto pela ciência, não nega os modelos anteriores. Pelo contrário, reconhece a importância da área de T&D estar preparada para ofertar serviços de qualidade para cada demanda específica. Porém, o Modelo estabelece que as organizações competitivas devem estar capacitadas a atender a dinamicidade do contexto exigente do sec. XXI. Estar preparada para acompanhar as mudanças institucionais e organizacionais.


Para tal é necessário romper com diversos paradigmas da área, criando efetivamente ambientes inteligentes de incentivo à educação continuada, não necessariamente físicos, que gerenciem e institucionalizem uma cultura de aprendizagem entre todos os beneficiários e participes, internos e externos, dos arranjos produtivos e sociais do ecossistema organizacional, com o objetivo de cocriação e coprodução da estratégia de desenvolvimento. Sair da zona de conforto dos conhecimentos disciplinares da Administração de Pessoas e avançar sobre as teorias do Construtivismo Social, da Aprendizagem Organizacional e da Andragogia, utilizando-se de práticas, técnicas e ferramentas de Gestão de Conhecimento, é indispensável a esta transformação.


Para a implantação do Modelo Universidade Corporativa em Rede deve-se considerar processo complexo, mas não complicado. Trabalhoso, mas não impossível. Estratégico, mas não abstrato. O Modelo Universidade Corporativa em Rede é uma realidade que se configura a partir de treze passos de implantação. As diretrizes do Modelo UCR devem ser consideradas como objetivos da implantação, coordenando a inter-relação de treze etapas de implantação (Figura 2).


Figura 2- Processo de implantação do Modelo de Universidade Corporativa em Rede

Fonte: Freire et al (2016b)

Fonte: Freire et al (2016b)

Com o modelo de implantação da UCR será possível capacitar as organizações para gerenciarem as dificuldades quanto à gestão de mudanças culturais, comportamentais e estruturais e, ainda, o alinhamento estratégico das tecnologias, das parcerias e da avaliação dos resultados, criando caminho para a implantação efetiva de um modelo contemporâneo de universidade corporativa. Ainda, caso seja estratégia da organização, a UCR pode ser gerenciada como uma unidade de negócio autossustentável. Ao alcançar a 13ª etapa de implantação, a organização tem em mãos os dados necessários para a elaboração de um plano de negócio da Universidade, de maneira a monetizar alguns dos programas educacionais, cursos e eventos oferecidos aos stakeholders externos. Em nossa palestra trataremos de cada passo deste processo de implantação.

Te espero lá!

REFERÊNCIAS

FREIRE, Patricia de Sá et al. Universidade Corporativa em Rede: Considerações Iniciais para um Novo Modelo de Educação Corporativa. Revista Spacios. v. 37, n. 5, 2016. Disponível em:
<http://www.revistaespacios.com/a16v37n05/163705e5.html>. Acesso em: 30 nov. 2016.
FREIRE, P. de S. DANDOLINI, G.; SOUZA, J.a.de; SILVA, S.M. da. Processo de implantação da
Universidade Corporativa em Rede (UCR). Espacios. v.37,n.23, 2016b.
MARGHERITA, A. , SECUNDO,G. (2011)"The stakeholder university as learning model of the
extended enterprise", Journal of Management Development, Vol. 30 Iss 2 pp. 175 - 186 Permanent link to this document: http://dx.doi.org/10.1108/02621711111105768 MESTEIR, J. Ten steps to creating a Corporate University Meister, (1998)

conrado de sa