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UNIVERSIDADE CORPORATIVA EM REDE: o que é o tal de “capital relacional”?

Patrícia de Sá Freire

Uma das principais diferenças entre os dois últimos estágios de evolução do Sistema de Educação Corporativa - o Modelo Stakeholder University e o Modelo Universidade Corporativa em Rede(UCR) - é o destaque que o Modelo Stakeholder University dá para o Capital Social e o Modelo UCR dá para a gestão do Capital Relacional como elementos determinantes para a formação das Redes de Aprendizagem. Mas o que é “capital relacional” e “capital social” e, a relação entre os termos?


Bem, primeiramente é bom compreender que, tanto o capital social, quanto o capital relacional, compõem o que chamamos de Capital Intelectual. Em minha tese
de doutorado (FREIRE, 2012) aprofundei as discussões sobre os ativos intangíveis do capital intelectual por saber que, na nova Sociedade do Conhecimento, os principais players do mercado internacional gerenciam estes ativos intangíveis de maneira a agregar valor as suas marcas e produtos, independente de dimensões temporais, conceituais ou epistemológicas. Concluí que ganhos substanciais são alcançados a partir da gestão do capital intelectual e de seus ativos intangíveis que levam ao domínio de mercado, marca diferenciada e destacado desempenho financeiro e estratégico.


O pesquisador espanhol Bueno (BUENO, 2005; BUENO et al., 2008) definiu linhas epistemológicas para classificar os diversos estudos sobre capital intelectual, classificando-os de acordo com três enfoques históricos: financeiro-administrativo (1992 a 1998), estratégico corporativo (1997 a 2001) e social-evolutivo (2000 a 2005). Pelos resultados obtidos, percebe-se a evolução do tratamento do Capital Relacional do primeiro para o terceiro enfoque. Para o primeiro enfoque (financeiro-administrativo, 1992 a 1998), o termo “capital relacional” refere-se a estrutura para relacionamento externo. Porém, para os representantes do terceiro enfoque, como Campos e Pablo (2007) o capital relacional é resultante “da relação cognitiva organizacional”, como um sistema e seu ambiente gerando o capital da marca, dos consumidores, reputação da empresa, canais de distribuição, parceiros, capacidade de negociação, relacionamento externo, entre outros..

É importante compreender esta evolução para se definir os elementos que deverão ser gerenciados para o desenvolvimento do capital relacional seguindo a orientação do Modelo UCR. Para nós, autores do Modelo, é o enfoque social-evolutivo que mais se alinha às demandas organizacionais contemporâneas, por preocupar-se com elementos mais dinâmicos do capital intelectual, como o social, o cultural, a inovação e o empreendedorismo, por exemplo.

Ao reconhecer a diferença entre os relacionamentos com stakeholders mais próximos ao negócio da empresa e os relacionamentos com outros agentes sociais, o
pesquisador espanhol Bueno (2003) subdividiu o Capital Relacional em Capital de Negócio e Capital Social, respectivamente (Figura 1; Quadro 1).

Figura 1 - Subdivisões do Capital Intelectual pelo Intellectus

Fonte: Freire (2012).

Fonte: Freire (2012).

Em resumo, o que é “capital relacional”, “capital social” e a relação entre os termos? Bem claramente a figura 1 esclarece a relação entre os termos e, o quadro 1 pontifica os elementos que compõem cada um dos Capitais denunciando suas diferenças.

O Modelo Stakeholder University superou os modelos anteriores ao apontar a importância do desenvolvimento, pelo Sistema de Educação Corporativa, do capital social além do capital humano. O Modelo Universidade Corporativa em Rede (UCR) vai mais além e alerta que, para se promover e gerenciar Redes de Aprendizagem, o Sistema terá que desenvolver não somente o capital humano e o capital social, mas o capital relacional. Ou seja, o Modelo Universidade Corporativa em Rede (UCR) reconhece a importância da gestão das relações internas à organização (com e entre os colaboradores, entre lideres e liderados, e inter organizacionais), e as relações externas com os diferentes stakeholders, sejam estes fixos ou dinâmicos.

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O trabalho é complexo e estratégico, mas não impossível.

Referências


BUENO, E. Modelo Intellectus: medición y gestión del capital intelectual. Documento Intellectus, n. 5, CIC-IADE (UAM), Madrid, 2003.


BUENO, E. Génesis, evolución y concepto del capital intelectual: enfoques y modelos principales. Capital Intelectual, nº 1, 2005.


BUENO, E.; SALMADOR, M. P.; MERINO, C. Génesis, concepto y desarrollo del capital intelectual en la economía del conocimiento. Asociación de Economía Aplicada. Estudios de Economía Aplicada, v. 26-2, p. 43-64, 2008.


FREIRE, P. S. (2012). Engenharia da Integração do Capital Intelectual nas Organizações
Intensivas em Conhecimento Participantes de Fusões e Aquisições. 354 f. Tese (Doutorado).
Programa de Pós Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento. Universidade Federal
de Santa Catarina. Florianópolis.

conrado de sa